domingo, agosto 07, 2005

Onipresência

Depara-se com a miséria todos os dias.
Já a olha nos olhos.
Aceita como algo natural.
É paisagem, apenas paisagem.
Uma péssima paisagem.
Mas, está lá. Ele vê.
A indignação persiste.
Ele a percebe.
Sim, ainda percebe.
Como em um rio,
ele viaja em seu destino.
E à sua volta, a pobreza.
Tão comum a ele.
Mas, tão chocante ainda.
A pobreza, percebe, é sua confidente.
Sempre presente, revelando seus segredos.
A morte, onipresente, não ousa revelar os seus.
Esta é secreta, sombria, imbatível.
As duas juntas, morte e pobreza,
esculpem seu mundo, como artistas sádicos.
E o viajante deste trêm, apenas olha,
sente à sua volta,
tudo o que vê pela janela.
Confidenciando tudo,
mas sem entender,
sem compreender como.
Nem muito menos o porquê
de tamanha desolação.

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